Conheci o Chest há 5 anos, quando aterrei pela 1ª vez na Tailândia e tive a oportunidade de descansar uns dias numas pequenas ilhas ao redor da província de Trang: Koh Ngai, Koh Kradan e Koh Mook. Um triângulo de paz e águas cristalinas a temperaturas balsâmicas, longe da confusão das grandes estâncias balneares de turismo massificado como Phuket, Samui ou Phi Phi.
O Chest é uma espécie de índio com idade para ter juízo, pinta de rockstar, cabelos longos e um carisma do tamanho da vizinha Emerald Cave - uma caverna no meio de uma rocha gigante plantada no meio do mar, que vai dar a uma pequeníssima praia cavada pelo tempo e onde em tempos idos os piratas da zona escondiam mercadorias e tesouros roubados.
O Chest está nos antípodas da comunidade "sea gipsy" da ilha. Gajo culto e viajado, viu meio mundo, viveu em Paris e há uns anos voltou à ilha natal para viver como sempre qios. Na ponta mais tranquila de Mook, junto do único resort "high-end" da zona, abriu o Coco Lodge com meia dúzia de bungalows e um pequeno restaurante construídos pelas próprias mãos com canas, cordas e conforto improvisado. E chega.
Todos os dias, levanta-se de manhã cedo para ir à pesca e dar a conhecer as redondezas e o fundo do mar colorido aos poucos turistas que preferem praias vazias, boa comida e uma cerveja fresca. Nos entretantos, enfia-se na cozinha a dar um cunho pessoal aos pratos típicos do sudoeste tailandês com ingredientes da terra. Mas se o mar estiver de feição e o peixe certo cair na rede, faz sashimi para todos. Tudo comida deliciosa, refinada, bem feita.
No dia em que conheci o Coco Lodge, aparece-me esta figura majestosa pela frente com os olhos semicerrados e a cara fechada a servir às mesas. Sempre na dele. Quando me sentei, estava a dar a "The Wind Cries Mary" do Jimi Hendrix. Sorrio para ele e digo: "Jimi". Sorriso de volta e amigos para sempre.
Nesse dia, disse-me que um dia mostrava-me as ilhas de Trang como poucos a conhecem. Praias escondidas, pôr-do-sol secreto, spots de snorkeling quase virgens, cheios de coral vivo e peixes de todas as cores e tamanhos. E lá para a noite, com a pele a estalar e o sistema nervoso algures no oceano, um jantar a sério.
Hoje foi o dia.
O Rancho à Moda do RI 14
“Eu é mais bolos.” (José Severino in “Hermanias”, 1991)
Domingo, véspera de noite de Santo António. Rumo a Tróia para uma *masterclass* de churrasco à americana, muito longe das malfadadas grelhas que por estes dias maltratam pedaços de carne e pretensa sardinha fresca nos bairros típicos de Lisboa. Na bagagem levava o novo Tabasco Chipotle, molho ideal para temperar carnes fumadas e fins de tarde em boa companhia.